29/12/2011

O Ano 11

(há uma série de links perdidos em todo o texto. Dezenas, para falar a verdade. Deu muito trabalho. Fico agradecido se você olhar pelo menos um, rs.)

Eis o resumo do ano que se passou:

Vi Hair e quis ser hippie. Vi Janelle Monàe, Seu Jorge, Caetano e Racionais, Stevie Wonder. Vi Woody Allen, O Palhaço, os Lindos Lábios de Camila Pitanga.


Conheci Mari, Isis (direto do Acre), Lívia e . Conheci Pankinha, a quem já havia sido apresentado por Eliane Brum um ano antes, mas que passei a chamar de amigo.

Chorei como poucas vezes havia chorado. De saudade. De medo. De amor. Do mundo racista. De alegria também. De histórias bobas contadas na tela – e de outras nem tão bobas assim narradas nos telejornais.

Escrevi, pois este é o meu ofício, minha paixão, minha arte. Escrevi no jornal uma das reportagens que mais me deram orgulho nestes poucos anos de repórter, nos relatórios sem fim do novo trabalho, no blog, que tem sido meu maior refúgio nestes tempos metamórficos.

Experimentei os sopros de novidade da metrópole tropical: os sambas nas quadras, o por do sol na praia, os papos nos botequins. Experimentei dizer não, brigar pelo que acredito, fazer cara feia. E gostei.


Foi um ano cheio. Mas apenas um avant-première do que se aproxima. 2012, este sim, será um ano de profundas mudanças. A começar pelo casamento, a continuar pelo Mestrado, e por aí vai. Espero sobreviver a ele. Espero que seja parecido com o que se passou, em que tanto vi, mudei, conheci, chorei, escrevi, experimentei, descobri, ri, amei, dancei, beijei, bebi...

Vivi!

(Ei! Os links perdidos não são apenas os três ou quatro que estão na cara, não! Procura mais! rs)

23/12/2011

Eu acredito em Papai Noel

De repente o telefone toca:

- Alô. Jader?
- Sim.
- Jader, é a Roberta.
- Diga, Roberta!
- Você perdeu sua carteira na Lapa?
- Perdi. 
- Então... encontraram sua carteira, acharam um cartão [de visitas] meu dentro dela, e me ligaram para te encontrar. Anota aí o número do cara. O nome dele é Mauro.

Assim começou minha semana de Natal. Era uma segunda-feira de manhã. Cerca de 72 horas antes havia perdido todos os meus documentos e cartões após sair da "festa da firma", no Circo Voador. Quem já perdeu um documento sabe o transtorno que é:  entre ir à delegacia registrar ocorrência e ligar para o banco para cancelar o cartão, reina a preocupação de que alguém pode estar naquele exato momento se passando por você. Perder a identidade é uma metáfora brutal do estado em que você se sente em momentos como este.

Mas os documentos foram parar na mão de uma jovem, a filha do Mauro. Que encaminhou ao pai. Que ligou para Roberta. E a boa nova, enfim, chegou até mim. CPF, RG, Título de Eleitor, Cartão de Débito, Cartão de Loja. Tudo de volta. Quando as esperanças já tinham ido embora. Quando eu já tinha chorado. Já tinha questionado tudo. Por conta de uma simples carteira.

E eis que apareceu o Mauro. Quem é Mauro? Um engenheiro que trabalha numa oficina de botes em uma esquina movimentada no Centro do Rio. Simples, um pouco de graxa aqui e ali, surge com a carteira nas mãos e sedento por contar suas histórias. Sim, é um homem de histórias. Daquelas comuns que de tão comuns são extraordinárias.

Mauro é um super-herói à brasileira. Conta de quando devolveu os pertences de outras doze pessoas, usando a mesma tática que utilizou para me encontrar; conta dos quatro garotos afundados no álcool que tirou da rua, mesmo "sem trabalhar com o social"; conta das lições que passou para a filha sobre honestidade e o sentido de se colocar no lugar do outro; conta até de uma fila de hospital que furou graças às suas despretensiosas benfeitorias. Um herói à brasileira, repito.

Desta vez, foi meu bom velhinho. Dele, ganhei dois presentes. O primeiro e mais óbvio, a carteira (minha Identidade de volta!). O segundo é um pouco mais subjetivo. Pode ser expresso na frase que Mauro me disse ao encerrar nossa breve conversa:

"Nós nascemos para fazer o que? Para fazer o bem e nada mais".

Podem acreditar, ainda existem homens. A bondade ainda persiste. A luta dura não flexiona o caráter. Pode acreditar, Papai  Noel existe!

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Este é meu post número 100 no blog. 100 posts, 35 meses, 259 comentários, mais de 9.000 views. Obrigado a todos vocês que passaram por aqui! Obrigado em especial ao grande amigo Ricardo Vieira, que engrandeceu este espaço com dois posts "tops de linha" (ou seriam três? rs); à titia Giovana Damaceno, com seus comentários assíduos em mais de 90% das postagens; e ao gigante Gabriel Araújo, que foi o grande impulso para que eu fizesse esse blog - nem sei se ele mesmo sabe disso, rs.
Que venham mais 100, mais 35, mais 259, mais 9.000! Feliz Natal a todos!

10/12/2011

Pavilhão de Espelhos - Roberta Sá


Mais uma boa música.
Roberta Sá está de volta. Ainda bem...


Pavilhão de Espelhos



Não, eu não me arrependi de nada
Vida voa e o tempo é outro já

Você mudou e eu também
Tô aqui só pra saber que existe saudade
Ainda bem

Como num pavilhão de espelhos,
Eu te vejo multiplicada em mil
Eu vim aqui pra ver você
Solta, vestida de lua na nuvem
Dança como se dançasse pra ninguém,
Ou só pra mim
Ainda bem

Sim, eu sei que vieram chuvas
Noites cheias de céu vazio e vão
Cruzei o mar, estrada além
Tô aqui pra ver se ainda bate, pulsa
Ainda bem

Como num pavilhão de espelhos,
Eu te vejo multiplicada em mil
Eu vim aqui pra ver você
Solta, vestida de lua na nuvem
Dança como se dançasse pra ninguém,
Ou só pra mim
Ainda bem

Sim, eu sei que vieram chuvas
Noites cheias de céu vazio e vão
Cruzei o mar, estrada além
Tô aqui pra ver se ainda bate, pulsa
Ainda bem

01/12/2011

Então é... carnaval?!

(Trecho atualizado no fim do texto)

Eu na Sapucaí em 2008

Enquanto os Jingle Bells e as canções natalinas de Simone embalam o fim de ano nestas terras tupiniquins, é outro som tem rodado à exaustão na minha vitrola ultimamente: samba. Sambas-enredo do Carnaval Carioca de 2012, para ser exato.

Os que rotineiramente acompanham este blog sabem o quanto gosto de carnaval. Antes mesmo de me apaixonar pelo samba, já era fã da festa momesca em seu estilo mais tradicional. Acompanho os desfiles das agremiações cariocas desde cedo. Lembro com perfeição do título de minha amada Mocidade Independente de Padre Miguel em 1996, quando ainda tinha oito anos. Da alegoria que me fascinou com Adão e Eva da forma com que vieram ao mundo, do samba (ah, o samba!) que proclamava que a Mocidade seria a bomba a explodir naquele carnaval para levantar nosso astral.

Desde aí, acompanho com bastante atenção o carnaval. Xinguei a Viradouro por ter roubado (com méritos!) o bi da Mocidade em 97; me encantei com os sapos que abriam passagem um grande Villa Lobos em Padre Miguel; vaiei a Imperatriz, como toda a Sapucaí, por seu "desfile técnico" que a levou ao tricampeonato; deslumbrado, assisti ao magnífico Grande Circo Místico e a posterior saída do mestre e ídolo Renato Lage - e no meio disso, uma arrasadora e iluminada Mangueira, que invadiu o Nordeste, cabra da peste; vibrei com Paulo Barros e sua ousada irreverência; chorei pela decadência da minha escola; lamentei por cada segundo perdido pelo Salgueiro que fazia um desfile magnânimo exaltando o cinema nacional; e assisti, enfim, o maior espetáculo da Terra duas vezes ao vivo: 2008 e 2009.

E a todos esses momentos, inesquecíveis para mim, tenho certeza, de antemão, que em breve se juntará outro: espero que todos reservem as noites de 19 e 20 de fevereiro em seus calendários pois está para vir o maior carnaval dos últimos (muitos) anos na Sapucaí. Anotem o que digo. E justifico: