16/03/2009

Sobre a menina e a excomunhão...

(Notícia velha, eu sei. Velha, mas requentada...)


Caros amigos, sei que estou devendo uma nota sobre o caso da menina de nove anos. Mas o vaticano se adiantou e já publicou um artigo que expressa quase que a totalidade da minha opinião. Ainda assim, vou opinar (e polemizar?):

De vez em quando, alguns fatos acontecem que lançam dúvidas sobre nossas "certezas absolutas", jogam por terra toda a lógica da nossa ideologia e nos desafiam a repensar algumas questões que já tínhamos como definitivas.O caso dessa menina foi um desses fatos. Uma verdadeira tragédia que se deu em três atos:

I. O estupro da menina
II. A morte dos bebês
III. A excomunhão do bispo

Sinceramente, não sei o que leva um homem a abusar de uma criança.É tão rtepugnante, tão nojento, tão incompreensível que acho que foi o que me deixou mais atordoado nessa história toda. Desde os seis anos essa menina vinha sendo abusada, junto com sua irmã, que é deficiente mental. Meu Deus! Se não fosse essa gravidez, sabe-se lá até quando este homem continuaria agindo impunemente. Bendita gravidez!
Maldita gravidez! A natureza às vezes parece irracional: uma criança de nove anos, esperando outras duas crianças. Não, não havia condições de vida nem para a criança-mãe, nem para os bebês. A interrupção da vida intra-uterina era, sim, senão a única, a 'melhor' saída.Todos sabem de minha posição absolutamente contrária ao aborto. Por isso fico muito tranquilo pra declarar: a equipe médica foi coerente e agiu de forma a salvar a vida daquela que já estava mutilada - a menina.

Sobre isso, o artigo do Vaticano destacou: "Era mais urgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nível de humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos ser mestres."


O caso ali não era de falta de condições psicológicas. Até porque acredito que causas psicológicas nunca justificam um aborto (afinal, o aborto não retira o trauma do estupro. Pelo contrário, com o aborto acrescenta-se um novo trauma à vida da pessoa). A questão era, principalmente, a falta de condições físicas para que aquela gestação se desenvolvesse e até mesmo para que a menina sobrevivesse. Neste sentido, o aborto foi quase que um ato de legítima defesa. Mato ou morro.

"Como agir nesses casos? É uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei moral. Não é possível dar parecer negativo sem considerar que a escolha de salvar uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca é fácil. Ninguém chega a uma decisão dessas facilmente, é injusto e ofensivo somente pensar nisso."(Vaticano)

A excomunhão proferida pelo bispo foi um ato de, no mínimo, incrível insensibilidade. Uma atitude precipitada, descabida e que me entristeceu. "[a criança]levava dentro de si outras vidas, tão inocentes quanto a sua, embora frutos da violência, e que foram suprimidas, mas isso não era suficiente para fazer um julgamento que pesa como um machado" (Vaticano)

Era hora da igreja acolher, abraçar. Amar como Jesus amou, como canta padre Zezinho. Infelizmente não foi assim: "[...]prejudicando a credibilidade de nosso ensinamento que, para muitos, parecem marcadas por insensibilidade, incompreensão e falta de misericórdia"

Felizmente a igreja se pronunciou. Primeiro com a CNBB, dizendo que ninguém está excomungado no caso. Depois, com esse belo artigo do vaticano publicado pelo presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella.

Quais as lições que ficam ao final deste caso?

Primeiro, devemos ficar alerta que esse foi um caso muito específico. Este episódio não fortalece nem enfraquece a tese "pró-legalização" porque, como disse, foi um caso especial. A exceção da regra. Continuo contra o aborto. Continuo um defensor incondicional da vida. E foi assim que me expressei neste caso: a vida da menina devia ser respeitada e valorizada.

Aprendi, sobretudo, que existem momentos em que a legislação estará em segundo plano (seja ela a constituição ou o direito canônico), pois a dignidade humana está acima de qualquer "livro de regras". O homem vale mais que a lei.

13/03/2009

Samba do amor e ódio

[...]
Erra
Quem sonha com a paz
Mas sem a guerra
O céu existe pois existe a terra
Assim também nessa vida real
Não há o bem sem o mal

Nem há amor sem que uma hora

O ódio venha
Bendito ódio,
Ódio que mantém
A intensidade do amor
Seu ardor
A densidade do amor,
Seu vigor
E a outra face do amor
Vem à flor
Na flor que nasce do amor...

(Pero Luís e Carlos Renó
Cantado por Roberta Sá)

09/03/2009

Um Flamenguista em Branco e Preto

Foram quatro meses de rompimento. Logo eu, que sempre fui o maior fã, sempre acreditei, sempre defendi, durante esses ultimos meses me privei de esboçar qualquer reação positiva com relação ao cara.

Pelo contrário, xinguei - safado, traidor! Pragueei: "vai quebrar as duas pernas, agora!". Fingi, por 81 dias que odiava, por tudo que era mais sagrado, aquele... gordo!

Ignorava todas as notícias fenomenais que surgiam dia após dia na TV. Virava abruptamente as páginas dos jornais em que ele figurava. O coração de torcedor estava ferido, magoado. O pior era saber que, mais uma vez, ele daria a volta por cima. Eu tinha certeza disso. Mas ele tava vestindo a camisa errada, as cores estavam trocadas. "Perdeu a chance de se tornar um ídolo, pra virar apenas um produto de marketing", resmungava.
Então, o dia de ontem chegou e eis que no último minuto, eu atrasado pros meus compromissos, olho grudado na televisão, ansiedade a flor da pele, de repente um gol. Gol? Goooooooooooool!

Eu que me privei, xinguei, pragueei... por fim, me emocionei (completando a lista dos 'ei')! Todo o meu desprezo anterior foi-se embora na hora que vi aquele moleque subindo o alambrado e sorrindo novamente. Comemorando seu terceiro "primeiro gol". Pela terceira vez, ele estava começando de novo.

E naquele momento reatei(!) as relações com meu ídolo. O maior jogador que já vi, o único brasileiro três vezes melhor do mundo, o maior goleador das copas, o Ronaldo, o fenômeno! (e lá vou eu, mais uma vez, neste vislumbramento cego de um fã apaixonado por seu ídolo - até a próxima mancada, ao menos.)

Foi uma noite especial. Um dia memorável. Pode ser piegas (e é!), mas aquele momento foi - como diria Marcão - sensacional! Dunga, olha o cara ae! rs

O Flamengo que me desculpe, mas ontem meu coração dormiu com um colorido diferente: vermelho, preto e branco.

06/03/2009

CNBB responde Gilmar Mendes

Olá povo,

a Pastoral da Terra enviou à imprensa uma nota oficiAl, rebatendo as declarações do ministro Gilmar Mendes, que fez um discurso de criminalização dos movimentos sociais, em especial o MST. Selecionei alguns trechos, pois é muito grande. Mas é interessantíssimo!

Ainda quero escrever sobre a criança que abortou essa semana e as declarações do bispo. Aliás, já escrevi, só falta agora digitar. Ainda nessa fim de semana faço isso. Não percam! (rs)

Seguem os trechos da nota distribuída há pouco pela Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil:

"A Coordenação Nacional da CPT diante das manifestações do presidente do STF, Gilmar Mendes, vem a público se manifestar.No dia 25 de fevereiro, à raiz da morte de quatro seguranças armados de fazendas no Pernambuco e de ocupações de terras no Pontal do Paranapanema, o ministro acusou os movimentos de praticarem ações ilegais e criticou o poder executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica ações ilegais.
(...)
O ministro, então, anunciou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele mesmo é presidente, de recomendar aos tribunais de todo o país que seja dada prioridade a ações sobre conflitos fundiários.
Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.
Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram.

Alguém já viu, por acaso, este presidente do Supremo se levantar contra a violência que se abate sobre os trabalhadores do campo, ou denunciar a grilagem de terras públicas, ou cobrar medidas contra os fazendeiros que exploram mão-de-obra escrava?
(...)
Ao contrário, o ministro vem se mostrando insistentemente zeloso em cobrar do governo as migalhas repassadas aos movimentos que hoje abastecem dezenas de cidades brasileiras com os produtos dos seus assentamentos, que conseguiram, com sua produção, elevar a renda de diversos municípios, além de suprirem o poder público em ações de educação, de assistência técnica, e em ações comunitárias. O ministro não faz a mesma cobrança em relação ao repasse de vultosos recursos ao agronegócio e às suas entidades de classe.

(...)
O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios.
(...)
O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.

O Evangelho é incisivo ao denunciar a hipocrisia reinante nas altas esferas do poder: “Ai de vocês, guias cegos, vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo” (MT 23,23-24).

Que o Deus de Justiça ilumine nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes!

Goiânia, 6 de março de 2009.
Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges, Presidente da Comissão Pastoral da Terra"

05/03/2009

Tempo, pra que te quero...

Eu quero postar, escrever, dialogar!

Muitos pensamentos pra reproduzir
Muitas idéias a discutir
Muitos assuntos pra comentar
Polêmicas.

Mas cadê o tempo????
Definitivamente, meu dia não pode ter só 24 horas...